Sunday, July 23, 2006

Laudo da Perícia do Cadáver Encontrado - Parte 2

Continuando a analisar o documento postado no site Pro Evandro, vemos algo muito singular...

... o dente 64, aquele mesmo que tinha sido extraído, aparece descrito como CONSTANTE NO CADÁVER...

...OPS... BROTOU! E vejam... sofreu restaurações!

Tudo bem que eu já ouvi dizer que cabelos e unhas continuam crescendo após a morte, enquanto houverem certas vitaminas no cadáver mas... dente? Essa eu não sabia! Ainda mais com restaurações...

Seria isso um milagre?

Laudo da Perícia do Cadáver Encontrado - Parte 1

Este documento foi disponibilizado no site Por Evandro.
Bem... resolvemos então, marcar uma curiosidade sobre esta perícia feita no corpo encontrado que, supostamente, seria de Evandro Ramos Caetano.

Notem bem a AFIRMAÇÃO da dentista de Evandro ao AFIRMAR que havia EXTRAÍDO O DENTE 64 HÁ MAIS DE UM ANO...

Saturday, July 15, 2006

Delegado desafia: o corpo enterrado não é de Evandro! - Parte 4

Delegado desafia: o corpo enterrado não é de Evandro! - Parte 3

Delegado desafia: o corpo enterrado não é de Evandro! - Parte 2

Delegado desafia: o corpo enterrado não é de Evandro! - Parte 1

Wednesday, July 12, 2006

Bea e Iara selecionando documentos

Muitas pessoas me perguntam se eu conheço Beatriz Abagge pessoalmente e como tenho acesso à certas informações do caso, então, dx eu esclarecir isso de uma vez.

Não sou advogada de Beatriz Abagge, não sou sua procuradora mas sou sua amiga.
Conheci Beatriz Abagge no fim do ano passado, se não me engano, através da internet mesmo. Houve um princípio de clamor da comunidade do Orkut chamada Profiles de Gente Morta e postei lá minha postura, até então, duvidosa sobre a culpa de Beatriz e Celiz Abagge em relaçào ao possível assassinato do garotinho Evandro Ramos Caetano.
Há muitos anos esta dúvida em relação à culpa dos acusados e ao próprio crime já existia em meu coração. Uma dúvida que foi surgindo e crescendo ao longo dos anos por tudo o que vi e ouvi, através da própria mídia e de pessoas ligadas à família Abagge.
Pois bem, manifestando esta dúvida, posso dizer que "arrumei pra cabeça" pois muitas foram as pessoas fervorosas que me crucificaram e bombardearam de insultos e toda a sorte de ofensas morais. A minha sorte é que sempre fui assim "relax" e não costumo me importar com o mau juízo que fazem de mim, pelo contrário, na maioria das vezes me divirto...
Enfim, sou uma pessoa curiosa e, ao saber que Beatriz Abagge tinha um perfil no Orkut fui logo "orkuteá-la" - antes era mais fácil pq esse Orkut não era dedo-duro - e me impressionei com a quantidade de recados carinhosos que esta mulher recebia de seus familiares, amigos e até admiradores virtuais.
Como é meu costume, parei e pensei: "-Se esta mulher fosse realmente uma sequestradora, assassina e mutiladora de criancinhas, como muitos acreditam, o teor dos recados seria, no mínimo, mais agressivo." Achei realmente curioso o fato de todas as pessoas a classificarem como uma pessoa boa, meiga, gentil e prestativa... convenhamos que isto não é bem o perfil de uma assassina tão cruel quanto a imagem que pintaram dela na TV. Isto me causou mmmmmmmmuita intriga e então tomei coragem e fui eu mesma abordá-la.
Gente, como foi bom ter feito isto! Como foi bom ter mantido durante tantos anos em meu coração a dúvida sobre a autoria e a veracidade deste crime! Como foi bom ter criado coragem e "enfrentado a fera".
Acontece que ela já tinha lido na PGM as minhas postagens declarando não acreditar na culpa dela e dos outros e crer que tudo não passava de uma farsa política e tinha ficado intrigada a meu respeito. Por que uma estranha acreditaria em minha inocência e me defenderia em público... sem mais nem menos?
Bom... ela tinha ficado curiosa a meu respeito e, quando eu escrevi um scrap para ela, ela prontamente me adicionou no msn e começamos a conversar. Falamos a madrugada toda sobre o caso, as torturas, a vida na prisão, a vida pós-prisão... e assim temos feito praticamente todas as madrugadas desde aquele dia. Ela me enviou documentos e nunca se negou a responder qualquer coisa que eu perguntasse e olha que eu faço CADA PERGUNTA! A partir daquela madrugada nasceu uma amizade sincera que vêm crescendo a cada dia.
Depois de algum tempo, começamos a nos falar por telefone e viemos a nos conhecer pessoalmente. Fui, com meu marido e filha, à casa dela e tive a oportunidade de conhecer TODA a família: a mãe, os irmãos, os três maravilhosos filhos. Pude ver com meus próprios olhos as marcas da tortura, a dor dos familiares, a luta para seguir a vida, a saudade do Sr. Aldo, a tristeza pela traiçào recebida daquele que um dia acolheram, os sonhos despedaçados e toda a dor que uma injustiça dessa pode causar na vida de pessoas trabalhadoras, decentes e lutadoras. Se fosse para definir as pessoas que conheci naquela casa com um único adjetivo, certamente seria: BATALHADORES!
Batalhadores como eu, como vocês, como a própria família do Evandro (humilde e trabalhadora, nunca negamos isso), como todos os brasileiros que vivem neste país ingrato.
O fato é que hoje, Beatriz Abagge é uma pessoa pela qual eu sinto um imenso carinho. Sou uma pessoa fechada e com muita dificuldade em estabelecer verdadeiras amizades, pois tenho o grave defeito de "selecionar demais" os que andam em minha companhia. Não costumo desfazer de ninguém mas, dificilmente me abro. Interessante que, para esta família, abri meu coração, minha casa, minha família, minha vida. E o fiz porque me sensibilizei com sua luta, que poderia ser a minha luta... ninguém está completamente livre da injustiça, e com sua garra em manter-se UNIDA e FIRME.
Acredito também que NADA é por acaso nesta vida. Acredito, sinceramente, que foi Deus que cruzou o meu caminho com o de Beatriz. Ela tem me ajudado muito com alguns problemas pessoais (posso dizer que ela é uma EXCELENTE terapeuta) e familiares e eu procuro, com minha modesta contribuição, retribuir todo o bem que tem se manifestado em minha família graças aos conselhos que recebi desta mulher. Tenho certeza absoluta de que Deus tem um grande plano na vida de Beatriz Abagge. Na verdade, Deus tem um plano para todos nós mas alguns de nós recebem "dons" especiais e posso dizer sem medo derrar que esta mulher tem uma estrela prontinha pra brilhar e trazer luz à muitas vidas.
Em tempo certo, no tempo de Deus, esta luz há de se ascender!

Iara


Ah... esta foto é da Bea e eu selecionando alguns documentos que estavam na casa dela, pra ir postando no Blog. Infelizmente ela teve que retirá-los de casa após uma invasão (vai saber o que procuravam, né?) e agora fica mais difícil ter tudo a mão... mas a gente vai se virando.

Tuesday, July 11, 2006

Resposta do Ministério da Justiça - Parte 3

Resposta do Ministério da Justiça - Parte 2

Resposta do Ministério da Justiça - Parte 1


Esta é a resposta do Ministério da Justiça, por meio do CDDPH - Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - ao CMCF - Conselho Municipal de Condição Feminina de Curitiba - sobre o Dossiê "Tortura Nunca Mais?" que relata a tortura sofrida pelos acusados no Caso Evandro.

Sunday, July 09, 2006

Resumo do Relatório do Conselho Municipal da Condição Feminina de Curitiba - PR

Estou postando aqui um resumo - digitado em cópia fiel com autorização do próprio conselho por ser um documento antigo, amarelado, escrito à máquina e com letras meio apagadas, impossibilitando sua compreensão caso scaneado - do relatório do Conselho Municipal de Condição Feminina de Curitiba - PR
Este relatório é o resumo de um Dossiê de 300 páginas encaminhado ao então Ministro de Justiça, Dr. Mauricio Correa.

Observem COM ATENÇÃO as partes em negrito e o uso da palavra VERIFICOU-SE!!!
Este Conselho e seus componetes são as TESTEMUNHAS de que HOUVE SIM tortura contra Celina e Beatriz Abagge. Trata-se de um órgão oficialmente habilitado para tanto.


Segue:

Conselho Municipal da Condição Feminina Curitiba - Paraná



Relatório


No dia 09 de setembro de 1992, o Conselho Municipal da Condição Feminina foi procurado por familiares de Celina Cordeiro Abagge e Beatriz Cordeiro Abagge, apresentando diversas denúncias de Violações dos Direitos Humanos e Cerceamento do Direito de Defesa, como pseudas implicadas no caso conhecido como “Ritual Satânico de Guaratuba”. Solicitaram que se procedesse análise dos autos de Ação Penal nº150/92 – da Comarca de Guaratuba/PR., e confirmadas as denúncias se tomasse medidas cabíveis.

A solicitação, no início, causou mal-estar nas integrantes do Conselho, que, naturalmente, acreditavam na “estória” que havia sido noticiada. Mas, mesmo assim, resolveu-se estudar cuidadosamente o processo, tal era obrigação de um Conselho consciente, pois mesmo que culpados os Réus, a prática de tortura seria inadmissível.

Examinando o processo, por uma equipe formada por advogadas, psicólogas, terapeuta e assistente social do C.M.C.F. chegou-se a estarrecedora conclusão que houveram torturas diversas, para que três acusados (Réus: Osvaldo Vicente e Davi) “confessassem” um crime, que de tão bárbaro, não se acredita possa alguém cometê-lo, e para que ao mesmo tempo acusassem os demais pseudos implicados, tudo em completo desrespeito à Constituição Federal.

Isto ocorreu sem que tenha sido dado o direito de acompanhamento por advogado, nem foi respeitado o princípio maior da presunção da inocência, sendo tudo logo divulgado amplamente pela imprensa, num sensacionalismo extremado, que gerou um clamor público sem igual.

Verificou-se, com espanto, que a gravação em fita cassete, de uma “suposta confissão” das Rés Celina e Beatriz Abagge, assim como os laudos de “exame de lesões corporais” dos Réus, ao contrário do que havia sido amplamente divulgado, eram “verdadeiras provas” da “prática de tortura”.


Verificou-se que as lesões constatadas nos Réus: “marcas de choques elétricos nos polegares”, “várias escoriações e hematomas de até 12 cm. de extensão – cada”, estavam em perfeita consonância com a denúncia dos acusados. E que a “gravação em fita cassete” foi realizada sob “coação”, tendo os policiais por diversas vezes proferido ameaças, na própria “gravação”.

Tudo levou ao questionamento. Se houveram lesões e até na fita gravada se verificam ameaças, que tipo de inquirição foi levada a efeito?


Verificou-se com maior estarrecimento que as torturas foram imediatamente denunciadas e eu nenhuma autoridade sequer tomou qualquer providência para a apuração da verdade, acomodando-se com a versão incrível divulgada na imprensa e que não corresponde ao que é encontrado nos autos.

Estarreceu ainda mais, a este Conselho a entrevista jornalística do Sr. Diógenes Caetano Filho (parente do menor desaparecido e que se diz mor-orientador das investigações policiais) publicada pelo jornal Estado do Paraná, edição nº 12472, de 09 de novembro de 1992, onde também se verifica perfeita trama para envolver os acusados em outro crime (do desaparecido Leandro Bossi). Isto porque ocaso o “exame DNA” resulte “negativo”, restará provado que não houve o crime contra Evandro Caetano e, toda a estória urdida constante da denúncia ficará sem fundamento.

Do estudo aprofundado do processo de Ação Penal nº150.92 – de Guaratuba, chega-se a conclusão que: é em seu todo um testemunho de tirania da força, que substituindo a Justiça, usou de tortura para extrair pessoas inocentes, a “confissão” de um crime montado por uma mente doentia e acatado por autoridades desinformadas.

Já dizia Cícero que:

“É NECESSÁRIO QUE SEJAMOS ESCRAVOS DAS LEIS PARA QUE POSSAMOS SER LIVRES”.

No “Caso de Guaratuba” a lei maior foi rasgada, pois os mais comezinhos princípios de direitos humanos, foram aos acusados negados.

A Justiça foi aviltada, pois aqueles que por ela respondem usaram da parcialidade e promoveram a força.

O que será mais terrível para o homem: TIRAR SUA VIDA OU PRIVÁ-LO DA LIBERDADE?

No histórico que se segue, totalmente extraído das peças dos autos, procura este C.M.C.F. demonstrar a Verdade. Procura também, demonstrar que tudo não passa de uma estória engendrada, obtida sob torturas horrendas e sem precedentes. Procura, por fim, mostrar o cerceamento do direito de defesa e a perda da liberdade sem fundamento, das pessoas inocentes. Isto porque outra não pode ser a conclusão daquele que imparcialmente estuda com profundidade do processo.

Entre as muitas atribuições do Conselho Municipal da Condição Feminina está a de:

“Zelar pelo respeito e ampliação dos direitos da mulher no que concerne ao exercício de sua cidadania e desempeno de suas atividades”

Do estudo dos autos pode-se concluir que:

Dia 06 de abril de 1992, às 08:30hs, o Prefeito Aldo Abagge e sua esposa Celina Cordeiro Abagge, após abastecerem seu veículo, partem de Guaratuba para Curitiba. Tal dia era aniversário de morte do pai do Sr. Aldo, sepultado em Curitiba. Em Curitiba chegam em seu apartamento por volta das 10:30/11:00hs e vão almoçar. Celina telefona ao dentista pedindo para desmarcar seu atendimento. Compram flores e vão ao Cemitério Municipal. (fls. 537, 538, 903 e v. , 931, 935 e 957).

Entre as 09:00 e 11:30hs, desse mesmo dia (06/04/92), o menino Evandro Ramos Caetano desaparece em Guaratuba. (fls. 11, 12, 13).

Como poderia nesse horário Celina ter sido vista em companhia de Evandro Caetano para Guaratuba?

Por que somente (130) cento e trinta dias após o desaparecimento surgiu uma testemunha que disse ter havido seqüestro? Por que esta testemunha em seus depoimentos anteriores nada disse sobre tal seqüestro? Esta testemunha é digna de fé?

Beatriz C. Abagge ficou em Guaratuba, acordou por volta das 11:00hs. Naquela tarde ela saiu de casa para ir ao Banco e a Secretaria Municipal de Educação, tendo estado com testemunhas. As 20:00 hs Beatriz dirige-se ao centro espírita da cidade. Lá é convidada para ir até a casa dos pais do menino desaparecido, onde seriam realizadas orações para ajudar a encontrar a criança. Fizeram orações num quartinho da casa. Terminando, Beatriz retornou para sua residência, deixando os que realizariam mais orações (fls. 528, 898 e v. 931 e 961).

No início da noite o Sr. Aldo e sua esposa Celina retornam de Curitiba, encontrando diversos policiais locais em sua residência à esperá-los. Queriam que o Prefeito autorizasse “cota de combustível” para a procura do menor desaparecido. Este assina autorização para os policiais. Celina Abagge chega a juntar um grupo de pessoas e com elas, em seu automóvel, também promove buscas até altas horas. (fls. 537, 538, 931, 936, 957 e 958).

No dia seguinte (07/04/92) as buscas ao menino desaparecido continuam, sem que nenhuma pista seja descoberta. (fls.13).

Neste dia 07/04/92 Celina Abagge providencia reuniões com professoras no CEMIC e Creches, nos períodos da manhã e tarde. Às 19:00hs, retorna para sua residência em companhia da testemunha Maria José, deixando-a na Associação dos Magistrados (fls. 537, 538, 931v, 932, 935 e 939).

Em casa, Celina encontra o Vereador Valdemar Travassos e o Páraco da cidade. Por volta das 19:30 hs também chega na residência o Vereador Edílio da Silva. Antes de jantarem, Celina lembra ao marido que naquele dia se realizaria o aniversário do Sr. Nelson Cordeiro e que como Prefeito tinha obrigação de comparecer. O Vereador Edílio vai embora. Celina e o Sr. Aldo após trocarem de roupa saem para a festa do aniversário. Beatriz fica em casa em companhia do Vereador Travassos e do Pe. Adriano e jantam juntos. (fls. 537, 538, 901, 903, 904, 905 e 928).

Naquela tarde o Prefeito havia solicitado ajuda à Polícia Civil em Curitiba, tendo sido designado o “Grupo Tigre” para investigações. Os policiais do “Grupo Tigre” chegam a Guaratuba por volta das 21:00hs, indo à casa do Prefeito. (fls. 37 e 404).

Na residência são atendidos por Beatriz, que informa que seus pais foram ao aniversário. Os policiais vão à casa dos pais do menor desaparecido, retornando em vinte minutos à residência do Prefeito, onde permanecem aguardando a chegada deste em companhia de Beatriz (fls. 528, 529, 404, 536 e 537).

Como poderia Beatriz estar em um “Ritual Satânico”, neste mesmo dia e horário, na Serraria de seu pai?

Na festa o Prefeito e Celina permanecem em companhia de diversas testemunhas, retornando por volta das 23:00hs, para casa, onde encontram os policias do “Grupo Tigre”, ficam conversando (sobre alojamentos para o “grupo” e sobre o desaparecimento). No momento em que os policiais se despediam, aparece em frente a residência o Sr. Diógenes Caetano, tio do menino desaparecido e notório inimigo político do Sr. Aldo Abagge. Diógenes acusa o Prefeito e Celina de “assassinos” e traficantes de órgãos”. Ocorre entrevero – presenciado pelos policiais (fls. 528, 529, 537 e 760).

Como poderia Celina estar em um “Ritual Satânico”, nesse mesmo dia e horário, na Serraria de seu marido?

Como poderia Diógenes ter certeza de que a criança já estava morta, quando todos acreditavam poder encontrá-la com vida?

Como pode o Sr. Diógenes Caetano, antecipadamente, ter previsto que iriam encontrar o menor morto e sem órgãos?

Quatro dias mais tarde, dia 11/04/92 é encontrado em um matagal, um corpo de criança completamente mutilado, com ausência dos órgãos internos e em estado adiantado de putrefação. A chave da residência do menino Evandro é encontrada nas proximidades desse cadáver (fls. 14,15, 16, 17, 18, 19 e 20).

Por que o estado de putrefação do corpo é muito mais adiantado do que aquele que devia existir em razão do pouco tempo do desaparecimento do menino?

Por que o corpo estava mutilado, sem condições de reconhecimento? E, sem órgãos?

Por que o criminoso deixaria a chave da casa de Evandro junto ao cadáver?

Dia 12/04/92 a dentista Adaíra Kessin Elias reconhece o corpo encontrado, como sendo o de Evandro. Apesar de afirmar que não faz registro de seus pacientes, reconheceu, de memória, restaurações que disse haver realizado. Afirmou ter extraído o dente “64” (laudo de reconhecimento).

Por que o reconhecimento se deu, se o dente que a dentista afirmou que extraiu, consta descrito no laudo como existente na arcada dentária do cadáver?

Treze dias após, dia 24/04/92, é encontrada uma “sandália de dedo”, com tiras de pano, nas proximidades do local, que foi reconhecida pelos pais do menino Evandro como sendo a que este usava no dia do desaparecimento (fls. 52/53/54).

Por que a “chave da casa” e a “sandália de dedo” estavam próximas ao cadáver, que não possuía mãos nem dedos dos pés?

As investigações prosseguem pelo grupo Tigre, sem que nada conclusivo seja descoberto. O Sr. Diógenes informa diversas “pistas” aos policiais – sem porém querer revelar suas fontes. Diversas dessas pistas são seguidas – nada é encontrado. Os policiais passam a não dar ouvidos a Diógenes, que fala em terreiros, responsos, magia, e tráfico de órgãos. (fls. 22 à 93, 404, 760 à 762).

No dia 29/05/92 Diógenes presta declarações na Coordenadoria das Promotorias Criminais – em Curitiba – relatando diversas e confusas acusações à Osvaldo Marcineiro, Celina Abagge e Beatriz Abagge (fls. 254 à 263).

Por que se acreditou nas alucinantes e fantasmagóricas acusações de Diógenes Caetano incriminando inimigas pessoais deste, sem outras provas quaisquer?

Por que o depoimento foi prestado em Curitiba?

No dia 01/07/92 à noite – policiais militares do “serviço de inteligência” prendem Osvaldo Marcineiro, levando-o a residência vazia do Ex-Presidente Alfredo Stroessner, em Guaratuba. Este é torturado e supostamente “confessa” ter praticado o crime num “ritual”, acusando Celina, Beatriz e Vicente de terem-no ajudado. Às 02:00hs, da manhã é ouvido no quartel da Polícia Militar em Matinhos, além de ter dado declarações no Fórum (?) , tudo sem a presença sequer de um advogado (fls. 104, 424, 521, 533, 534 e laudo de degravação de declarações da Escrivã do crime – de Guaratuba).

É normal levar um suspeito em casa particular vazia, para interrogatório? É normal ser inquirido no fórum às 02:00hs da madrugada? Quem estava presente quando desses “depoimentos”?

Por que não lhe foi dado o direito de ser assistido por advogado?

Em apenas 04 (quatro) dias seria possível se coletar provas suficientes para a prisão? Quais eram as provas concretas existentes? Por que foi usada um a casa particular vazia? Qual foi o método de inquirição do “serviço de inteligência”?

Às 07:30hs da manhã do dia seguinte a residência do Prefeito é cercada por policiais, vestidos com coletes da Polícia Federal. Às 08:30hs estes invadem a casa, munidos de metralhadoras, sem mandado de prisão, para prenderem a esposa e uma das filhas do Prefeito (fls. 530, 538, 946 e v.).

Seriam mesmo policiais Federais? Quais eram as provas existentes para se efetuar a prisão de Celina e Beatriz Abagge?

Por que não houve nenhuma verificação sobre a “estória” do réu que as acusou?

O Advogado Dr. Silvio Bonone aparece na casa questionando os policiais sobre a existência do mandado de prisão. O Advogado questiona, insiste. Os policiais ameaçam-no com uma metralhadora. Pequena aglomeração inicia-se na frente da residência. O advogado telefona para a casa da juíza e um homem informa que esta os atenderá no fórum. Todos resolvem ir ao fórum verificar as acusações e a legalidade da prisão. Celina e as duas filhas seguem no automóvel do Advogado escoltadas por duas viaturas policiais. No fórum, apenas alguns funcionários (o expediente ainda não havia iniciado). Todos ficam aguardando a juíza na sala de audiências (fls. 530 e v., 538 e v., 946 e v., 947).

Um policial aparece na porta e chama por Celina e Beatriz, todos se levantam e as acompanham. Outro policial se põe à frente do Advogado, o Advogado protesta, o policial tenta explicar as razões de tal procedimento, o Advogado insiste, porém não consegue passar pelo policial (fls. 53 e v., 538v, 946 e v. e 947 e v.).

Celina e Beatriz são conduzidas à um automóvel que sai do local às pressas, “guinchando pneus”. Ao ouvir o barulho o policial afirma: “Meu serviço está terminado, pode procurar suas clientes – elas foram levadas para prestar depoimento na Delegacia da Polícia Federal em Paranaguá”. (fls. 530 e v., 538v, 946v, 947 e v.).

Por que o policial impediu o advogado de acompanhar suas clientes?

É normal policiais seqüestrarem pessoas, impedindo que sejam ouvidas pelo juiz da comarca na presença de advogado?

Por que não esperaram a juíza e o promotor para inquiri-las?

Por que até então não foi mostrado qualquer “mandado de prisão”?

O Advogado e a outra filha do Prefeito de nome Sheila resolvem ir até Paranaguá a procura das presas. Passam em casa e pegam dinheiro, param no posto, colocam combustível e partem. Em Paranaguá são informados que a prisão foi efetuada por policiais da “P2” – “Serviço de inteligência da Polícia Militar do Paraná”. E que não foram levadas para aquela delegacia. Ambos retornam à Guaratuba e efetivam buscas em todos os locais. Tentam inclusive conversar com a Juíza, sendo que são atendidos por um policial armado com metralhadora que informa que esta não está. (fls. 947v e 948 e v.).

Por que os policiais do “serviços de inteligência “estavam usando coletes da Polícia Federal, na hora da prisão? Onde estava a juíza da comarca?

Na delegacia local não encontram Celina e Beatriz. No Fórum nenhuma informação. Passam a procurar pelos arredores da cidade e nada conseguem. Outros familiares e amigos procederam iguais buscas, nada encontrando. (fls. 947v., 948 e v.).

Enquanto isso o automóvel segue em direção à Joinville. Um dos policiais ordena (apontando a metralhadora) que se abaixem: “para que não sejam reconhecidas” – diz. (fls. 530, 531, 538v.).

O automóvel segue em alta velocidade durante algum tempo. A certa altura para na estrada. Os policiais permitem que ambas as presas se levantem. Celina reconhece a estrada. Um policial sugere que fujam “para matá-las pelas costas” – diz (fls. 530, 531, 538v.)

Outro automóvel chega. Celina é colocada em um e Beatriz em outro. Ambos os automóveis partem em alta velocidade. Novamente é ordenado que se abaixem. Em Beatriz é colocada uma venda. Com Celina os policiais se utilizam de sua própria blusa, para vendá-la. Ambas são algemadas (fls. 530, 531, 538v).

Seguem até Garuva (divisa com Santa Catarina) e por estrada de terra a Cubatão (Paraná) chegando a uma chácara, que posteriormente foi identificada como de propriedade do pai de Diógenes, situada na localidade conhecida por Cubatão (fls. 530, 531, 538v, 539 e petição de tal denúncia).

É normal seqüestrar do fórum e levar suspeitos em chácara particular, para interrogatório? Quem acompanhou esses interrogatórios?

Lá ambas são conduzidas ao interior da casa e colocadas em quartos diferentes. Beatriz é levada e os policiais começam a seviciá-la. Celina do outro quarto ouve gritos da filha. (fls. 503, 531, 538v, 539).

Enquanto num dos quartos policiais promovem afogamentos, utilizando uma toalha molhada e espuma de sabão em Celina. No outro Beatriz é seviciada sexualmente e recebe choques elétricos. Devido a “sessão de tortura” Beatriz tem “relaxamento de esfíncteres” e evacua nas calças sujando até a camiseta, chegando a desmaiar. Um rádio toca música em alto volume, para abafar os gritos provenientes do interior da casa. (fls. 530, 531, 538v, 539 e 949).

Em dado momento os policiais apresentam Beatriz para Celina. Esta vê a filha vendada, completamente nua, parecendo desacordada, com sangue escorrendo pelas pernas. O policial diz: “já foram dois – faltam catorze”, e retira Beatriz para outro quarto. (fls. 530, 531, 538v, 539 e denúncia em anexo).

Beatriz acorda em outra cama, ensangüentada. Os policiais ameaçam-na de retornar à “sessão de tortura” se ela não falar o que mandam. Esta finalmente concorda. Os policiais pegam um gravador e começam a inquiri-la. Um policial a induz a contar a “estória” enquanto grava. Já no início o policial se denuncia: “Nós vamos levar você embora de Guaratuba. Se você confirmar a estória direitinho, daí vai arrumar advogado. Do contrário eu vou levar você embora e...” Beatriz no desespero, chega a pedir “Justiça” (fls. 308, 312, 530, 531, 538v, 539 e 949).

Com Celina o mesmo procedimento é utilizado, esta se espanta com a suposta “confissão” da filha dizendo: “porque você está fazendo isto minha filha...Isto é mentira, minha filha...” porém sob a mira das metralhadoras e as ameaças de retorno a “sessão de tortura” com Beatriz, também concorda. Sua suposta “confissão” também é gravada. O policial novamente se denuncia: “Eu prometo que vou deixar vocês em Guaratuba, ta? Vocês vão ter advogado, vocês vão se defender. Agora confesse, porque senão eu vou levar vocês pra Curitiba, pra ser interrogada lá”. (fls. 312, 315, 530, 531, 538v, 539).

Por volta das 15:00hs, munidos da fita cassete os policiais retornam ao fórum de Guaratuba, onde a fita é apresentada às autoridades.

Por que se acreditou que apenas acusações obtidas mediante tortura fossem provas suficientes para incriminar inocentes?

O fato dos policiais do “serviço de inteligência” “sumirem” com as Rés desde manhã não levantou suspeita das autoridades? Ad autoridades não questionaram os policiais sobre o que fizeram com as Rés durante todo este tempo?

Uma fita cassete, por si só, não induz prática de tortura? Por que não existe confissão escrita? Em que condições foi obtida tal gravação? Quem estava presente?

Somente, então, no Fórum é mostrado o “mandado de prisão”. Após são levadas ao Quartel da Polícia Militar de Matinhos, para interrogatório formal. No quartel, são inquiridas por dois Promotores de Justiça, e negam todas as acusações. (fls. 96, 97, 98, 99, 100, 530, 531, 538, 540).

É de se indagar:

Por que se acreditou nas acusações de Diógenes Caetano, sem outras provas quaisquer e se incriminou inimigas pessoais deste?

Por que segue o processo, se o reconhecimento do corpo é falho e não leva a certeza de que de fato se trate de Evandro Caetano?

Por que o reconhecimento se deu, se o dente que a dentista afirmou que extraiu, consta descrito no laudo como existente na arcada dentária do cadáver?

Por que não se pesquisou o fato da ausência de vários dentes (que somente se soltam muito tempo depois da morte) e do adiantado estado de putrefação do cadáver?

Por que o estado de putrefação do corpo é muito mais adiantado do que aquele que devia existir em razão do pouco tempo da suposta data da morte?

Como teria ficado o menor aprisionado em um local onde trabalham mais de cinqüenta funcionários, sem que ninguém percebesse?

Por que o laudo de necropsia e outros muitos laudos, feitos em época própria, só foram anexados aos autos muitíssimo posteriormente, sem termo de data juntada?

Por que nos autos as datas são todas truncadas e desencontradas, sem que se consiga estabelecer uma seqüência lógica do transcorrer dos acontecimentos processuais?

A solicitação de “exame de DNA”, por si só, já não prova que o “reconhecimento” não foi satisfatório?

Por que o resultado de tal “exame de DNA” (normalmente apresentado em 30 dias) até agora (mais de cem dias após a solicitação) ainda não apareceu?

Por que o Sr. Diógenes Caetano insiste em afirmar que o cadáver pertence a seu sobrinho, e que o “Exame de DNA” é “positivo”, quando o normal seria querer se agarrar a possibilidade de que a criança estivesse viva?

Por que se acreditou que apenas acusações obtidas mediante tortura fossem provas suficientes para incriminar inocentes?

Uma fita cassete, por si só, não induz prática de tortura? Por que não existe confissão escrita? Em que condições foi obtida tal gravação? Quem estava presente?

Por que prossegue o processo, com os Réus presos, sem que exista prova da materialidade do delito?

Por que corre o processo, com réus presos, sem prova alguma de que sequer o fato tenha ocorrido?

Dignas autoridades, paladinos da justiça, gloriosos militares, nobres delegados da polícia judiciária, doutos representantes do ministério público, imparciais julgadores, verdadeiros jornalistas, homens bons, justos, honestos e honrados, NÃO É CHEGADA A HORA DE SE DAR UM BASTA EM TORTURAS, EM INVERDADES E EM INJUSTIÇAS?

Onde está o princípio constitucional de que todo o cidadão é inocente até trânsito em julgado da sentença penal condenatória?

Onde está o sagrado direito de defesa?

Como ensina J. Cretela Jr:

“Não se admite que, em país civilizado, se exerça a violência contra o cidadão, nem que seja obrigado a confessar ou declarar algo, mediante o emprego de meios científicos, mas coercitivos, também criticáveis por se erigirem em restrições à liberdade do homem”.

Sendo as acusadas inocentes indagam:

ONDE ESTÁ A SEGURANÇA DE VIDA DO SER HUMANO?

ONDE ESTÃO OS SAGRADOS DIREITOS INDIVIDUAIS?

ONDE ESTÃO OS SAGRADOS DIREITOS HUMANOS?

ONDE ESTÃO OS DIREITOS DE TODOS NÓS?

Diz a constituição Brasileira em seu artigo 5*:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

III – Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas...

XI – A casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador...

LIV – Ninguém será privado da liberdade...sem o devido processo legal;

LV - ...em processo judicial...e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa com os meios e recursos e ela inerentes;

LVI – São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

LXI – Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente...;

LXII – A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao Juiz competente e a família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII – O preso será informado de seus direitos entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurado a assistência da família e de advogado;

LXV – A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

LXVI – Ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória com ou sem fiança;

LXVIII – Conceder-se-á Hábeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

Assim, tendo em vista o presente Relatório, o Conselho Municipal da Condição Feminina, vem à presença das autoridades, da imprensa e dos todos os cidadãos conscientes, REQUERER URGENTES PROVIDÊNCIAS, para que a VERDADE seja mostrada, o DIREITO seja reabilitado e JUSTIÇA se faça, a inocentes privados de seu direito de LIBERDADE.

“O DIREITO E A JUSTIÇA NÃO EXISTEM SEM DEUS E AMOR”

Curitiba, 23 de novembro de 1992.


Isabel Kugler Mendes
Presidente do C.M.C.F

Saturday, July 08, 2006

Parecer favorável do Ministério Público do Paraná, o próprio acusador.

Beatriz: Meus amigos...Olhem só que maravilha..O Ministério Público do Estado do Paraná deu parecer para manter a absolvição de Airton Bardelli dos Santos e Sérgio Cristofoline(duas pessoas maravilhosas e acusadas de um crime que jamais cometeram).Além de DEUS, a VERDADE é a nossa maior fortaleza.Debaixo da lei há, ainda, muita gente de bem.
http://www.tj.pr.gov.br/consultas/judwin/ListaMovProcesso.asp?Processo=695882&NumeroLinha=18
Fiquem com Deus, Beatriz.

Mas o que isso quer dizer?
Quer dizer que o Ministério Público, que é o próprio acusador, achou que é certo manter a absolvição de dois acusados no Caso Evandro.

Mais ou menos isso: eu te acuso, vc é inocentado e eu acho bom que vc continue sendo inocente...

É claro que este processo ainda não está completamente encerrado mas, achei interessante postar aqui mais uma contradição contida em todo esse trâmite mirabolante.

Thursday, July 06, 2006

Por que não acreditamos ter havido um crime???

Muitas pessoas me perguntam o que me leva a acreditar tão sinceramente na inocência dos acusados pela suposta morte de Evandro Ramos Caetano. A esta pergunta eu respondo sempre com muita tranqüilidade dizendo que não acredito na culpa dos acusados, simplesmente porque não acredito sequer que um crime tenha sido cometido. Então, minha resposta é sempre seguida de uma nova pergunta: quais os motivos que me levam a crer não ter havido crime algum? Esta é uma pergunta simples, com uma resposta simples mas cheia de informações.
A fim de esclarecer os fundamentos em que se embasa minha certeza, resolvi fazer esta longa mas esclarecedora postagem que, espero, os interessados tenham a paciência de ler COM ATENÇÃO e meditar sobre ela, a fim de entenderem a minha postura e de MUITAS outras pessoas que nem sempre se pronunciam na internet.

Para se tomar uma postura em qualquer assunto de nossas vidas é necessário, antes, analisar os fatos. Neste caso, no Caso Evandro, não é diferente. Pelo menos, não deveria ser...
Em se tratando de um “suposto assassinato”, a própria polícia deve seguir uma linha de investigação coerente para que interesses pessoais não se sobreponham à verdade dos fatos. Sendo assim, há elementos que devem ser considerados com o máximo de detalhamento possível a fim de se elucidar todo o mistério que envolve o crime em si.

Vamos aqui analisar, amadoramente (visto que não vivemos disso), três dos mais importantes elementos de um assassinato:

* Primeiro Elemento: A MOTIVAÇÃO

Bem... o homem mata. Acontece que matar sem a necessidade de defesa não é da natureza humana e, embora seja um ato repetidamente praticado, vai contra à psique do homem. Vai contra sua própria consciência. Quando um homem (ser-humano) comete um assassinato sem motivo de defesa, seu ID faz com que o próprio assassino deixe pistas que o façam ser descoberto e, é justamente por isso, que não existe crime perfeito.
Mesmo assim, assassinatos existem. Mas existem porque o homem, apesar de sua natureza, encontra motivos que o respaldem de alguma forma a cometer tal ato então, devemos analisar, ANTES DE QUALQUER COISA, a motivação que levou tal homem a cometer tal crime.

Qual teria sido a motivação para que Beatriz, Celina Abagge e outros cinco seqüestrassem, matassem e mutilassem uma criança de apenas seis anos???

A acusação alegou que a motivação foi financeira. A serraria do Sr. Aldo Abagge estaria com problemas financeiros e Beatriz teria decidido contratar os serviços de um “pai-de-santo” para fazer um “trabalho” para que os negócios melhorassem.

Vamos analisar:

Em primeiro lugar, o que é uma serraria? Não sei quantos de vocês já tiveram a oportunidade de conhecer de perto uma oficina dessas mas eu já estive em várias serrarias e são todas muito parecidas: um barracão simples, normalmente sem paredes, muitas vezes de chão batido, com pilhas de madeira por todo o lado, serragem espalhada no chão, uma nuvem muito densa de pó de madeira, máquinas (normalmente velhas) ligada a uma rede de alta tensão (220-380V), sem muita infra-estrutura como salas e lugares reservados, onde trabalham pessoas muito simples (peões mesmo), que passam o dia cortando pau, com muito pouca higiene ambiental (as serrarias vivem na mira dos sindicatos do trabalho). Nada espetacular!
Em uma região de crescimento imobiliário e grande quantidade de matéria-prima, como é o estado do Paraná, não é nada difícil obter lucro com um empreendimento destes. A matéria prima é barata, os salários dos funcionários é normalmente baixo, quase não há custos fixos, o maquinário é de fácil reposição, não tem muitos custos de estoque, a venda do produto é lucrativa e garantida se o dono tiver a devida licensa ambiental. Eu mesma já pensei em abrir uma serraria, tempos atrás mas desisti porque não tenho paciência pra lidar com peão. Enfim, manter um negócio desses não é um grande problema administrativo/financeiro. Ta cheio de peão semi-analfabeto por aí, ganhando uma boa grana com sua própria serraria de fundo de quintal...
A serraria do Sr. Aldo não era diferente.

Seguindo a motivação apresentada pela acusação, Celina e Beatriz teria contratado serviços de um pai-de-santo, Oswaldo Marceneiro (marceneiro, peão, caboclo, gente socialmente simples) para fazer um trabalho pela ascensão financeira da fabriqueta lá do Sr. Aldo.

Bom... o tal pai-de-santo então, teria que ser ligado a alguma religião afro-brasileira para que pudesse der denominado pai-de-santo. E... esse pai-de-santo então, teria pedido um sacrifício HUMANO, de uma CRIANÇA para fazer uma oferenda sabe se lá pra quem para a execução do tal trabalho.

Não é segredo para ninguém que, dentro das igrejas evangélicas, existem DEZENAS de ex pais-de-santos (aliás, ex-tudo...) e eu conheço, pelo menos, uma meia dúzia. Inclusive conheço um (e conheço BEM) que foi o pai-de-santo mais jovem do Brasil (13 anos de idade), natural do Rio de Janeiro, que foi secretário do finado Escadinha (traficante famoso da década de 80) e que há muitos anos é pastor da Igreja Batista de Rolândia, PR – seu nome é Pedro Messias. E foi este mesmo ex pai-de-santo que me ensinou muito do que acontecia dentro dessas religiões afro-brasileiras. Um pouco destes ensinamentos, vou postar aqui a fim de fundamentar minha opnião.

As religiões afro-brasileiras (Umbanda, Kimbanda, Candomblé, etc) praticam sim sacrifícios e oferendas de sangue. Agora, em que situações isto é feito??? Uma das situações em que se utiliam scrifícios de ANIMAIS é a ordenação de um pai-de-santo. A ordenação é a cerimônia mais importante dessas religiões. Nesta cerimônia, se utiliza o sangue de animais sacrificados e algumas ervas para se fazer uma bebida chamada ABÔ (fede feito carniça) que o futuro pai-de-santo deve beber para fazer as devidas alianças com as “entidades” que regerão sua vida daquele momento em diante. Nesta mesma cerimônia, o futuro pai-de-santo sofre diversos cortes com navalha virgem em várias partes do corpo (embaixo da língua, por exemplo) e tudo é feito sempre com MUITO sangue, pois sangue significa aliança. Os animais utilizados por estas religiões são aves (a preferida é a galinha d’angola), não havendo relatos sacrifícios de animais de porte maior.

Para trabalhos de prosperidade são utilizados materiais bem mais inocentes como pipoca, incenso, defumação, diversas plantas, água doce, mel e velas que simbolizam a renovação e a prosperidade.

Então, mesmo que Celina e Beatriz Abagge se dispusessem a contratar serviços de um peão para atrair dinheiro para o barracão sujo e cheio de peões do Sr. Aldo, os materiais utlizados seriam algo BEM DIFERENTE de uma criança de seis anos!

Mas então vocês vão me questionar: “então não existem sacrifícios humanos???”
Existem!!! Mas não em religiões desse potencial. Existem sim sacrifícios humanos, muito raros, em rituais de magia negra de religiões como vudu, huttu, Igreja de Satanás (que aliás só existe um templo em todo o Continente Americano e fica nos Estados Unidos).
Sacrifícios humanos são coisa MUITO SÉRIA, muito bem escondida, feita por gente muito poderosa e, podem apostar, sem corpos jogados no mato... Esse tipo de sacrifício é feito para interesses muito além de nossa suburbana imaginação. Coisas do tipo mudar um governo, fundir grandes grupos econômicos, eleger um grande líder religioso... e tantas outras que não citarei aqui para não causar mal-estar aos caros visitantes.
Quem quiser saber mais sobre sacrifícios humanos, magia negra e afins pode procurar os livros da Dra. Rebecca Brown (oncologista americana) que mergulhou muito fundo nesse meio e hoje, liberta, conta tudo o que viu e viveu nestes templos.
Outro ponto importante sobre os sacrifícios humanos é que são utilizados ADULTOS. Geralmente são viciados ou prostitutas, com uma vida bem errada. Não são utilizadas crianças, pois estas não têm valor para este tipo de ritual.
Por que???
Porque Jesus disse: “Deixai vir a mim os pequeninos porque dos tais é o Reino dos Céus.”
Oras... se sacrifícios humanos estão DIRETAMENTE ligados ao satanismo, qual serventia há em matar um ser que é de antemão salvo??? Para que matar um corpo, cuja alma satanás não poderá aproveitar??? Só se o diabo fosse burro... e isto ele não é!

Então, graças a Deus, nós brasileiros estamos – por enquanto – livres de tais pesadelos visto que, não há REAL MAGIA NEGRA em nosso país. Aquilo que muitos entendem por magia negra, nada mais é do que a generalização na forma de tratar os cultos afro-brasileiros que aqui temos.
Crianças são mortas todos os dias e das formas mais absurdas mas, não para sacrifícios oficiais. Já pensaram em tráfico de órgãos (aiiiiiiiiiiiiiiii, se todos soubessem o poder das grandes indústrias farmacêuticas....)?

Agora, diante disso, não lhes parece ridícula a idéia de matar uma criança pra vender mais madeira em uma cidadezinha de temporada (e temporada de dois meses porque lá faz um frio danado o ano inteiro) do Paraná???


* Segundo Elemento: A CENA DO CRIME

Este é um elemento de extrema importância para a investigação e elucidação de um crime, especialmente de um assassinato. Para os visitantes que moram nos Estados Unidos, não é novidade saber que existem CIENTISTAS FORENSES que fazem exclusivamente isto: analisam a cena do crime par encontrar evidências e apurar a verdade dos fatos. É claro que a tecnologia de que estes cientistas dispõem é infinitamente superior à tranqueirada que nossa polícia usa mas, mesmo assim, é possível se elucidar um crime – ou ausência de um – pela correta e cuidadosa análise do local do dito ocorrido.


Mas ta bom... vamos lá trabalhar com a hipótese de que o coitado do peão lá e as duas Abagges resolveram fundar uma nova religião e decidiram se aventurar a matar uma criança de seis anos para fazer um troco pra bendita serraria do Sr. Aldo.

Então, nesse caso, eles teriam dirigido a esmo pelas redondezas de suas residências, seduzido uma criança a entrar no carro da filha do prefeito e levado a criancinha para ser sacrificada dentro da tal oficina de cortar pau?

Que seja. Sigamos pelo absurdo.
Se os caros visitantes tiveram a paciência e o interesse de ler até aqui, já viram a completa descrição da serraria em que teria ocorrido o assassinato e a mutilação do garotinho Evandro.

Vamos relembrar um pouquinho as aulas de biologia humana:

“Em um minuto, o coração lança 5 litros de sangue no corpo e bombeia 400 litros de sangue por hora.”
(fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/index.php?cat_id=50276 - O Guia dos Curiosos On Line)

Acontece que, o corpo de um adulto, possui cerca de 5 litros de sangue.

Alguém já viu como se mata um porco caipira? Enfia-se uma faca , logo abaixo da pata dianteira esquerda, bem no coração. O sangue JORRA, faz uma lambança desgraçada, aquilo fede por dezenas de metros... (meu pai tinha o hábito de comprar porco caipira e o chacreiro matava e limpava “na hora” pra gente ter certeza de que era fresco... coisas do interior). Eu citei o porco porque, todos devem saber, que é um dos animais que biologicamente mais se parecem com o ser-humano.
Mas, deixando o porco de lado, certamente vocês já cortaram o dedo. As mãos, os pés e as mucosas são as partes mais irrigadas do nosso corpo e, qualquer cortezinho, sangra que é uma coisa...

Partindo do princípio que o garotinho Evandro Ramos Caetano tenha sido assassinado e mutilado naquele barracão sem portas não deveria haver marcas de sangue por todo o lado? Sangue não se esconde. Pode-se até lavar mas existem elementos que fazem com que o sangue acondicionado nos poros dos materiais seja identificado.
COMO seria possível conter o derramamento de sangue de um corpo humano ao cortar seus dedos das mãos e dos pés, mutilar seus órgãos genitais, ao abrir seu ventre e retirar seus órgãos internos??? O sangue quente não é viscoso, é líquido e escorre com muita facilidade. Além disso, os batimentos cardíacos de uma criança são muito mais acelerados do que os de um adulto, o que faz com que o sangue corra mais depressa e que JORRE com muito mais facilidade...

É neste ponto que, algum gênio, vai me dizer: “- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh, mas eles lavaram tudo!”
Lavar madeira bruta??? O que acontece quando colocamos um copo molhado sobre uma mesa de madeira???
MANCHA e a mancha NUNCA MAIS sai. Agora, imaginem mancha de sangue em madeira bruta, sem tinta, sem cera, sem verniz!!!
E a serragem do chão??? Lavaram o chão de barro batido??? E as máquinas ligadas em alta tensão??? Não causaria um curto circuito???

Agora vem outro gênio e me diz: “Ah, mas eles varreram a serragem, recolheram as madeiras manchadas e queimaram.”

Oh, Colombo! E por que não teriam queimado o que restou do corpo junto com a madeira então??? O que seria um corpinho de criança em meio a metros e metros cúbicos de madeira??? Desta forma ninguém saberia de nada... resolvido.

E as armas? Onde estariam as armas do crime??? Uma arma com o sangue do menininho e a digital dos acusados... seria bem convincente, não? E... mesmo assim, ainda deixaria dúvidas, pois poderia ter sido plantada.

E as digitais? Pois bem, não existem!!! Se Evandro Caetano tivesse ficado preso na serraria, como afirma a acusação, não deveriam haver digitais???

Como vocês podem ver, por si só, a suposta cena do crime é a MAIOR NEGATIVA de que o mesmo tenha ocorrido. Se não conseguimos temperar um bife de fígado em nossas casas sem que o cheiro empesteie a casa inteira, como poderiam mutilar de tal forma um menininho sem que ficassem EVIDENTES marcas???

Eu bem poderia parar por aqui mas vamos a um terceiro elemento, para que não digam que não dei argumentos suficientes para que se pare e pense ponderadamente sobre este caso.


* Terceiro Elemento: O CORPO

Bem... sem corpo, não há crime. Princípio Básico!!!
Sendo assim, era fundamental haver um corpo!!!

Para os fanáticos por DNA e para os não tão fanáticos assim, vou levantar aqui outras questões relativas ao corpo encontrado para que vejam como nem tudo que reluz é ouro:

Segundo a acusação, o garotinho Evandro Caetano sofreu asfixia mecânica, foi mutilado e depois foi jogado no mato.

O corpo encontrado estava sem dedos, órgãos genitais e órgãos internos. Ou seja, tudo o que era possível ser utilizado para identificação não estava no cadáver.

Acontece que o cadáver tinha olhos. Vocês sabem quais as primeiras partes que os seres que se alimentam de carniça comem? As partes MOLES, o mignon! Como o cadáver poderia ter olhos e não ter dedos??? Então não foram os urubus que comeram os dedos do cadáver!!! O que teria acontecido com os dedos do cadáver?? Teriam sido oferecidos aos exus da nova religião criada pelos acusados??? Fico pensando que tipo de exu ia se importar com dedos... e dos pés!

E outra coisa: já que o garotinho teria sido sacrificado na tal serraria, naquela bagunça toda, serragem, poeira, não deveria haver vestígios desses materiais no cadáver??? Adivinhem.... NÃO HAVIA!

A acusação diz que os acusados usaram SERRA DE MADEIRA para abrir o corpo. Alguém aqui já viu de perto uma serra-circular, uma tico-tico industrial que serve para cortar TORAS de dezenas de quilos??? Cada dente da serra é do tamanho da unha do meu polegar. Se tivessem cortado algum corpo com um treco daqueles, acreditem, teria virado carne moída! É como querer cortar um tomate muito maduro com um serrote! E outra... essas serras usam óleo direto nas lâminas para refrigeração. Não deveria haver vestígios desse óleo no cadáver??? Adivinhem... NÃO HAVIA!!!

Evidências... evidências... evidências... é TUDO o que falta para que se acredite ter havido qualquer crime!
E olha que não estou falando de exames complexos não... apenas testes de resíduos de materiais que qualquer químico poderia ter feito mesmo antes de 1992.

E os órgãos retirados? Onde foram parar? Então os acusados teriam se livrado das menores evidências e deixado a maior jogada num mato pra ser encontrada? Segura o boi e deixa a boiada passar???

Agora tem quem me diga: “Ahhhhhhhhhhhhhhh, mas então porque SÓ AGORA se fala que pode não ter ocorrido crime nenhum???”

Acontece que não é SÓ AGORA, isso SEMPRE foi dito... SEMPRE! E é por ter tido acesso a estas e mmmmuitas outras evidências da NÃO OCORRÊNCIA de um crime e da tentativa evidente de se incriminar as acusadas por meio de TORTURA é que Beatriz e Celina Abagge foram INOCENTADAS.

Muitos falam em jurados burros, juízes comprados e tantas outras suposições mas desconhecem os fatos, as provas e as faltas de provas que são, os fatores DETERMINANTES para que se declare a culpa ou inocência de quem quer que seja...

Espero ter conseguido esclarecer minha postura.
Há muito mais coisas não esclarecidas neste processo de 80 volumes do que meras páginas aleatórias do relatório de acusação.

Gente, usem o bom-senso!

Até mais e obrigada pela atenção!

Iara